É tão triste morrer na minha idade!
E vou ver os meus olhos, penitentes
Vestidinhos de roxo, como crentes
Do soturno convento de Saudade!
E logo vou olhar (com que ansiedade!...)
As minhas mãos esguias, languescentes,
De brancos dedos, uns bebés doentes
Que hão-de morrer em plena mocidade!
E ser-se novo é ter-se o Paraíso,
É ter-se a estrada larga, ao sol, florida,
Aonde tudo é luz e graça e riso!
E os meus vinte e três anos... (Sou tão nova!)
Dizem baixinho a rir: “Que linda a vida!...”
Responde a minha Dor: “Que linda a cova!”
FLORBELA ESPANCA (De Livro de Mágoas, 1919)
DECIRES ÍNTIMOS
¡Es tan triste morir a tierna edad!
¡Y voy a ver mis ojos, penitentes
Vestidos de morado, cual creyentes
De un sombrío convento de Piedad!
¡Y luego miraré (¡con que ansiedad!...)
Mis manos finas y languidecientes,
De blancos dedos, cual bebés dolientes
Que han de morir en plena mocedad!
¡Ser. joven es tener el Paraíso,
Tener la vía abierta, al sol, florida,
Donde todo es luz y gracia y risa!
Y mis veintitrés años... (¡Soy tan nueva!)
Dicen riendo: “¡Que linda la vida!...”
Responde mi Dolor: “¡Que linda cueva!”
FLORBELA ESPANCA (De Livro de Mágoas, 1919)
(Versión de Pedro Casas Serra)
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