jueves, 30 de junio de 2016

“EVELYN” de Cecilia Meireles (De Mar Absoluto, 1945)

EVELYN

Não te acabarás Evelyn

As rochas que te viram são negras, entre espumas finas
Sobre elas giram lisas gaivotas delicadas,
E ao longe as águas verdes revolvem seus jardins de vidro

Não te acabarás Evelyn

Guardei o vento que tocava
A harpa dos teus cabelos verticais,
E teus olhos estão aqui e são conchas brancas,
Docemente fechados, como se vê nas estátuas

Guardei teu lábio de coral róseo
E teus dedos de coral branco
E estás para sempre, como naquele dia
Comendo, vagarosa, fibras elásticas de crustáceos
Mirando a tarde e o silêncio
E a espuma que te orvalhava os pés

Não te acabarás Evelyn

Eu te farei aparecer entre as escarpas
Sereia, serena
E os que não te viram procurarão por ti
Que eras tão bela e nem falaste

Evelyn – disseram-me,
Apontando-te entre as barcas
E eras igual a meu destino

Evelyn – entre a água e o céu
Evelyn – entre a água e a terra
Evelyn – sozinha
Entre os homens e Deus.

Cecilia Meireles (In Mar Absoluto, 1945)


EVELYN

No te acabarás Evelyn

Las rocas que te voltean son negras, entre espumas finas
Sobre ellas giran lisas gaviotas delicadas,
Y a lo lejos las aguas verdes revuelven sus jardines de vidrio

No te acabarás Evelyn

Guardé el viento que tocaba
El arpa de tus cabellos verticales,
Y tus ojos están aquí y son conchas blancas,
Dulcemente cerrados, como se ve en las estatuas

Guardé tu labio de coral rosáceo
Y tus dedos de coral blanco
Y estás para siempre, como aquel día
Comiendo, perezosa, hebras elásticas de crustáceos
Mirando la tarde y el silencio
Y la espuma que te rocíaba los pies

No te acabarás Evelyn

Yo te haré aparecer entre las escarpas
Sirena, serena
Y los que no te dan la vuelta indagarán por ti
Que eras tan bella y ni hablaste

Evelyn – me dijeron,
Señalándote entre las barcas
Y eras igual a mi destino

Evelyn – entre el agua y el cielo
Evelyn – entre el agua y la tierra
Evelyn – sola
Entre los hombres y Dios.

Cecilia Meireles
(Versión de Pedro Casas Serra)

miércoles, 29 de junio de 2016

“DESENHO (2)” de Cecilia Meireles (De Mar Absoluto, 1945)

DESENHO (2)

Fui morena e magrinha como qualquer polinésia,
e comia mamão, e mirava a flor da goiaba.
E as lágrimas me espiavam, entre os tijolos e as trepadeiras,
e as teias de aranha nas minhas árvores se entrelaçavam

Isso era um lugar de sol e nuvens brancas,
onde as rolas, à tarde, soluçavam mui saudosas...
O eco, burlão, de pedra, ia saltando,
entre vastas mangueiras que choviam ruivas horas.

Os pavões caminhavam tão naturais por meu caminho,
e os pombos tão felizes se alimentavam pelas escadas,
que era desnecessário crescer, pensar, escrever poemas,
pois a vida completa e bela e terna ali já estava.

Com a chuva caía das grossas nuvens, perfumosa!
E o papagaio como ficava sonolento!
O relógio era festa de ouro; e os gatos enigmáticos
fechavam os olhos, quando queriam caçar o tempo.

Vinham morcegos, à noite, picar os sapotis maduros,
e os grandes cães ladravam como nas noites do Império.
Mariposas, jasmins, tinhorões, vaga-lumes
moravam nos jardins sussurrantes e eternos.

E minha avó cantava e cosia. Cantava
canções de mar e de arvoredo, em língua antiga.
E eu sempre acreditei que havia música em seus dedos
e palavras de amor em minha roupa escritas.

Minha vida começa num vergel colorido,
por onde as noites eram só de luar e estrelas.
Levai-me aonde quiserdes! - aprendi com as primaveras
a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.

Cecilia Meireles (in Mar Absoluto, 1945)


DISEÑO (2)

Fui morena y delgada como cualquier polinesia,
y comía papaya, y miraba la flor de la guayaba.
Y las lágrimas me espiaban, entre ladrillos y trepadoras,
y las telarañas en mis árboles se entrelazaban

Eso ocurría en un lugar de sol y nubes blancas,
donde las tórtolas, por la tarde, sollozaban muy añoradas...
El eco, engañoso, por la piedra, iba saltando,
entre vastos mangos que llovían pelirrojas horas.

Tan naturales caminaban los pavos reales por mi camino,
y tan felices se alimentaban los palomos por las escalas,
que era innecesario crecer, pensar, escribir poemas,
pues la vida completa y bella y tierna allí ya estaba.

¡Cómo caía  la lluvia de las gruesas nubes, aromática!
¡Y el papagayo cómo se quedaba soñoliento!
El reloj era una fiesta de oro; y los gatos enigmáticos
cerraban los ojos, cuando querían cazar el tiempo.

Venían murciélagos, por la noche, a picar los sapotes maduros,
y los grandes canes ladraban como en las noches del Imperio.
Mariposas, jazmines, araceas, luciérnagas
vivían en los jardines susurrantes y eternos.

Y mi abuela cantaba y cosía. Cantaba
canciones del mar y del bosque, en lengua antigua.
Y yo siempre creí que había música en sus dedos
y en mi ropa palabras de amor escritas.

Mi vida comienza en un vergel coloreado,
donde las noches eran sólo de luz de luna y estrellas.
¡Llevadme a dónde queráis! - aprendí con las primaveras
a dejarme cortar y a regresar siempre entera.

Cecilia Meireles
(Versión de Pedro Casas Serra)

martes, 28 de junio de 2016

“AUTO-RETRATO” de Cecilia Meireles (De Mar Absoluto, 1945)

AUTO-RETRATO

Se me contemplo
tantas me vejo,
que não entendo
quem sou, no tempo
do pensamento.

Vou desprendendo
elos que tenho,
alças, enredos...

Formas, desenho
que tive, e esqueço!
Falas, desejo
e movimento
— a que tremendo,
vago segredo
ides, sem medo?!

Sombras conheço:
não lhes ordeno.
Como precedo
meu sonho inteiro,
e após me perco,
sem mais governo?!

Nem me lamento
nem esmoreço:
no meu silêncio
há esforço e gênio
e suave exemplo
de mais silêncio.

Não permaneço.
Cada momento
é meu e alheio.
Meu sangue deixo,
breve e surpreso,
em cada veio
semeado e isento.

Meu campo, afeito
à mão do vento,
é alto e sereno:
Amor. Desprezo.

Assim compreendo
o meu perfeito
acabamento.

Múltipla, venço
este tormento
do mundo eterno
que em mim carrego:
e, una, contemplo
o jogo inquieto
em que padeço.

E recupero
o meu alento
e assim vou sendo.

Ah, como dentro
de um prisioneiro
há espaço e jeito
para esse apego
a um deus supremo,
e o acerbo intento
do seu concerto
com a morte, o erro...

(voltas do tempo
— sabido e aceito —
do seu desterro...)

Cecilia Meireles (in Mar Absoluto, 1945)


AUTORRETRATO

Si me contemplo
tantas me veo,
que no comprendo
quién soy, en tiempo
del pensamiento.

Voy desprendiendo
cercos que tengo,
cabos, enredos...

¡Formas que tuve
y no recuerdo!
Hablas, deseo
y movimiento
— ¿por qué sufriendo,
vago secreto
marcháis, sin miedo?

Sombras comprendo:
no les ordeno.
¿Cómo precedo
mi sueño entero,
y luego pierdo,
sin más gobierno?

Ni me lamento
ni desaliento:
en mi silencio
hay brío y genio
y suave ejemplo
de más silencio.

No permanezco.
Cada momento
es mío y ajeno.
Mi sangre dejo,
breve y perplejo,
en yacimiento
lleno y exento.

Mi campo, hecho
al roce del viento,
es alto y quieto:
Amor. Desprecio.

Así comprendo
mi tan perfecto
acabamiento.

Múltiple, venzo
este tormento
del mundo eterno
que en mí acarreo
y, una, contemplo
el juego inquieto
en que padezco.

Y recupero
mayor aliento
y así voy siendo.

Ah, como dentro
de un prisionero
hay sitio y medios
para ese apego
a un dios supremo,
y acerbo intento
de su concierto
con muerte, yerro...

(vueltas del tiempo
— capto y acepto —
de su destierro...)

Cecilia Meireles
(Versión de Pedro Casas Serra)

lunes, 27 de junio de 2016

“QUINTO MOTIVO DA ROSA” de Cecilia Meireles (De Mar Absoluto, 1945)

QUINTO MOTIVO DA ROSA

Antes do teu olhar, não era,
nem será depois, - primavera.
Pois vivemos do que perdura,

não do que fomos. Desse acaso
do que foi visto e amado:- o prazo
do Criador na criatura...

Não sou eu, mas sim o perfume
que em ti me conserva e resume
o resto, que as horas consomem.

Mas não chores, que no meu dia,
há mais sonho e sabedoria
que nos vagos séculos do homem.

Cecilia Meireles (In Mar Absoluto, 1945)


QUINTO MOTIVO DE LA ROSA

Antes de tu mirar, no era,
ni será después, - primavera.
Pues vivimos de lo que perdura,

no de lo que fuimos. De ese acaso
de lo que fue visto y amado:- el plazo
del Creador en la criatura...

No soy yo, sino el perfume
que en ti me conserva y resume
el resto, que las horas consumen.

Pero no llores, que en mi día,
hay más sueño y sabiduría
que en los vacíos siglos del hombre.

Cecilia Meireles
(Versión de Pedro Casas Serra)

domingo, 26 de junio de 2016

“QUARTO MOTIVO DA ROSA” de Cecilia Meireles (De Mar Absoluto, 1945)

QUARTO MOTIVO DA ROSA

Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verás, só de cinza franzida,
mortas intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos,
ao longe, o vento vai falando em mim.

E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

Cecilia Meireles (in Mar Absoluto, 1945)


CUARTO MOTIVO DE LA ROSA

No te aflijas con el pétalo que vuela:
también es ser, dejar de ser así.

Rosas verás, sólo de ceniza fruncida,
muertas intactas por tu jardín.

Yo dejo aroma hasta en mis espinas,
lejos, el viento va hablando en mí.

Y por perderme, van recordándome,
por deshojarme, no tengo fin.

Cecilia Meireles
(Versión de Pedro Casas Serra)

sábado, 25 de junio de 2016

“TERCEIRO MOTIVO DA ROSA” de Cecilia Meireles (De Mar Absoluto, 1945)

TERCEIRO MOTIVO DA ROSA

Se Omar chegasse
esta manhã,
como veria a tua face

Omar Khayyam,
tu, que és de vinho
e de romã,
e, por orvalho e por espinho,
aço de espada e Aldebarã?

Se Omar te visse
esta manhã,
talvez sorvesse com meiguice
teu cheiro de mel e maçã.
Talvez em suas mãos morenas
te tomasse, e disesse apenas:
"É curta a vida, minha irmã".

Mas por onde anda a sombra antiga
do âmago astrônomo do Irã?

Por isso, deixo esta cantiga
- tempo de mim, asa de abelha -
na tua carne eterna e vã,
rosa vermelha!

Para que vivas, porque és linda,
e contigo respire ainda
Omar Khayyam.

Cecilia Meireles (in Mar Absoluto, 1945)


TERCER MOTIVO DE LA ROSA

Si Omar llegase
esta mañana,
¿cómo vería tu faz?

¿Omar Khayyam,
tú, que eres de vino
y de granada,
y, por rocío y por espina,
acero de espada y Aldebarán?

Si Omar te viese
esta mañana,
tal vez sorbiese con cariño
tu olor a miel y a manzana.
Tal vez en sus manos morenas
te tomara, y dijera apenas:
"Es corta la vida, hermana".

Pero ¿por dónde anda la sombra antigua
del profundo astrónomo de Irán?

Por eso, dejo esta cantiga
- tiempo de mí, ala de abeja -
en tu carne eterna y vana,
¡rosa bermeja!

Para que vivas, porque eres linda,
y contigo respire aún
Omar Khayyam.

Cecilia Meireles
(Versión de Pedro Casas Serra)

viernes, 24 de junio de 2016

“SEGUNDO MOTIVO DA ROSA” de Cecilia Meireles (De Mar Absoluto, 1945)

SEGUNDO MOTIVO DA ROSA

A Mário de Andrade


Por mais que te celebre, não me escutas,
embora em forma e nácar te assemelhes
à concha soante, à musical orelha
que grava o mar nas íntimas volutas.

Deponho-te em cristal, defronte a espelhos,
sem eco de cisternas ou de grutas...
Ausências e cegueiras absolutas
ofereces às vespas e às abelhas.

E a quem te adora, ò surda e silenciosa,
e cega e bela e interminável rosa,
que em tempo e aroma e verso te transmutas!

Sem terra nem estrelas brilhas, presa
a meu sonho, insensível à beleza
que és e não sabes, porque não me escutas...

Cecilia Meireles (in Mar Absoluto, 1945)


SEGUNDO MOTIVO DE LA ROSA

A Mário de Andrade

Por más que te celebre, no me escuchas,
aunque en la forma y nácar te asemejes
a una concha sonora, arpada oreja
que graba el mar en íntimas volutas.

Depóngote en cristal, frente al espejos 
sin eco de cisternas o de grutas...
Ausencias y cegueras absolutas
brindas a las avispas, las abejas.

¡Y a quien te adora. oh sorda y silenciosa,
y ciega, bella e interminable rosa,
que en tiempo, aroma y verso te transmutas!

Sin tierra y sin estrellas brillas, presa
en mi sueño, insensible a la belleza
que lo es sin saber, pues no me escuchas...

Cecilia Meireles
(Versión de Pedro Casas Serra)

jueves, 23 de junio de 2016

“PRIMEIRO MOTIVO DA ROSA” de Cecilia Meireles (De Mar Absoluto, 1945)

PRIMEIRO MOTIVO DA ROSA

Vejo-te em seda e nácar,
e tão de orvalho trêmula,
que penso ver, efêmera,
toda a Beleza em lágrimas
por ser bela e ser frágil.

Meus olhos te ofereço:
espelho para a face
que terás, no meu verso,
quando, depois que passes,
jamais ninguém te esqueça.

Então, de seda e nácar,
toda de orvalho trêmula,
serás eterna. E efêmero
o rosto meu, nas lágrimas
do teu orvalho... E frágil.

Cecilia Meireles (in Mar Absoluto, 1945)


PRIMER MOTIVO DE LA ROSA

Te veo en seda y nácar,
y tan de rocío trémula,
que creo ver, efímera,
toda la Belleza en lágrimas
por ser bella y ser frágil.

Mis ojos te ofrezco:
espejo para la imagen
que tendrás, en mi verso,
cuando, después que pases,
jamás nadie te olvide.

Entonces, de seda y nácar,
toda de rocío trémula,
serás eterna. Y efímero
el rostro mío, en las lágrimas
de tu rocío... Y frágil.

Cecilia Meireles
(Versión de Pedro Casas Serra)


PRIMER MOTIVO DE LA ROSA

Te veo en seda y nácar,
y tan de rocío trémula,
que creo ver, efímera,
toda la Belleza en lágrimas
por ser bella y ser frágil.

Mis ojos te ofrezco:
espejo para la imagen
que tendrás, en mi verso,
cuando, después que pases,
jamás nadie te olvide.

Entonces, de seda y nácar,
toda de rocío trémula,
serás eterna. Y efímero
el rostro mío, en las lágrimas
de tu rocío... Y frágil.

Cecilia Meireles
(Versión de Pedro Casas Serra)

miércoles, 22 de junio de 2016

A mis compañeros del Clínico

A MIS COMPAÑEROS DEL CLÍNICO


Vivimos unos días y algunas esperanzas.

Hasta aquí hemos venido de sitios muy dispares,

nos hemos reunido a causa del azar.

Unos hemos llegado más enteros que otros

pero todos bastante heridos y maltrechos.

Cambiamos impresiones, desahogamos angustias,

contamos confidencias. Somos entre nosotros,

unos nuestro pasado, otros nuestro presente,

otros nuestro futuro. Podemos entendernos,

no en vano hemos tenido iguales experiencias

de dolor, de hospitales y de medicación.

Usamos mucho tiempo en forjarnos proyectos

que quizá puedan irse al traste el primer día.


Pedro Casas Serra (11-1991,10)

martes, 21 de junio de 2016

Suena en mi oído tu voz...

SUENA EN MI OÍDO TU VOZ...


Suena en mi oído tu voz

como el aire entre los pinos,

como un silbido divino

rasgando el cielo veloz.


Y esa voz es tan callada,

tan queda, tan ocultada,

que solo la entiendo yo:

unos la toman por viento,

otros por un pensamiento.


Pedro Casas Serra (11-1991,09)

lunes, 20 de junio de 2016

La vida es sueño

LA VIDA ES SUEÑO


Suena un piano lejano,

suena el viento, suena el mar,

suena el trigo al agitar,

suena la rueda de un carro

y el canto de la cigarra,

suena la risa de un niño

y el ladrido de un lebrel,

suena la risa estruendosa,

suena el llanto convulsivo,

suena un suspiro de amor,

suena y suena la campana

doblando por los queridos

como por los olvidados,

suena el clarín de la guerra,

suena la lluvia en la tierra,

suena el río cuando nace

y la esquila de la oveja cuando pace,

suena un zumbido de abeja,

suena un suspiro de amor,

suena al despertar el día

y suena al atardecer…


Y cuando ya nada suena,

suena en tu sueño un tañido,

un estruendo, un estampido,

que te grita enfebrecido

que toda la vida es sueño *

y oír el ruido… despertar.


Pedro Casas Serra (11-1991,08)


* Verso del Monólogo de Segismundo de Calderón de la Barca.

domingo, 19 de junio de 2016

El niño pequeño

EL NIÑO PEQUEÑO


Había una vez un niño

sentado sobre un sombrero,

y era tan pequeño el niño

y era tan grande el sombrero,

que las piernas le colgaban

sin que tocaran el suelo.


Pedro Casas Serra (11-1991,07)

sábado, 18 de junio de 2016

Como la mariposa...

COMO LA MARIPOSA...


Como la mariposa,

así el amor también muere

si se acerca demasiado

a la llama que lo inspira.


Pedro Casas Serra (1991-11,06)

viernes, 17 de junio de 2016

A Escarlata, por su cumpleaños

A ESCARLATA, POR SU CUMPLEAÑOS


Escarlata,

nombre de terciopelo, voz de jilguero,

bonita entre las flores, radiante de colores.

Escarlata, ¿es tuya la mar, las flores,

los pájaros, los árboles, la ciudad?

Danos a todos algo de tu felicidad

y que este día sea para ti

tan feliz como todos los demás.


Pedro Casas Serra (11-1991,05)

jueves, 16 de junio de 2016

La poesía

LA POESÍA


La poesía es un arma cargada de futuro*,

pero no mata como las armas,

solo lastima los sentimientos.


Pedro Casas Serra (11-1991,04)


* Título de un poema de Gabriel Celaya

miércoles, 15 de junio de 2016

Recuerdos

RECUERDOS


A veces se cruzan

dos pájaros en el aire,

dos peces en el mar,

dos estrellas en el cielo.


Y una vez se alejan

poco queda ya

sino la sombra de un sueño

de un día tal vez soñado.


Pedro Casas Serra (11-1991,03)

martes, 14 de junio de 2016

Platero

PLATERO


¡Platero!, ¡Platerillo!, ¡Platerete!

le decía Juan Ramón con voz muy queda,

y él le respondía

rebuznando suavemente.


En su alforja derecha

llevaba flores rojas

y en la izquierda azules,

en su cabeza un sombrero

y en el cuello cascabeles.


Calló la voz de Juan Ramón

pero resuenan de Platero los cascabeles.


Pedro Casas Serra (11-1991,02)

lunes, 13 de junio de 2016

Paloma que vas volando...

PALOMA QUE VAS VOLANDO...


Paloma que vas volando,

dime tú:

¿De qué color son los campos

sobre los que vas pasando?

¿Cómo son los campanarios

de tantos pueblos y villas?

¿Balan aún por los senderos

las cabras y los corderos?

¿Toman las nubes la forma

de niños y riachuelos?


Paloma que vas volando:

¿Vale la pena volar?

¿Aún es azul el mar?

¿Arrullan en primavera

los palomos a tu vera?

¿Suben las risas del campo?

¿Cruzan por el cielo estrellas

en esas noches tan bellas?


Paloma que vas volando:

¿Vale la pena volar?


Pedro Casas Serra (11-1991,01)

domingo, 12 de junio de 2016

Instante

INSTANTE


Ha llegado el tiempo

de tumbarse al sol,

de notar su calor

y de ver pasar las nubes.

Hay un fondo de trinos

que acompaña

y pasear es dulce en compañía.

Ayer llovió,

las calles están limpias

y la hierba es más verde.

Sentado en un banco,

veo pasar personas

y las hojas que arrastra el aire.

Las parejas se tumban en la hierba,

los niños juegan,

el tiempo pasa despacio,

y si fuera posible,

quisiéramos detenerlo para siempre.


Pedro Casas Serra (10-05-1991,02)

sábado, 11 de junio de 2016

El niño viejo

EL NIÑO VIEJO


A veces, me salen al encuentro

personas que hace tiempo que no veo,

y las reconozco,

pero luego pienso

que por lógica no son ellas

sino que son como eran ellas

hace veinte años.

Ante esto me rebelo

porque para mí no he cambiado

y sigo siendo el mismo

que lloraba de niño

si me dejaban solo.

Y cuando llegue a viejo

- o mejor, me vean como un viejo -

seguiré siendo ese niño

que no ha entendido nada

y que se sorprende

al no ver en el espejo reflejada

su cara rubicunda y mofletuda,

y que se siente triste

porque no encuentra

a su padre, a su madre, a sus hermanas,

a sus amigos, a sus amantes...

y si los ve,

sólo son otros que se les parecen

como otros se parecerán a él

cuando él ya no se parezca a nadie.


Pedro Casas Serra (10-05-1991,01)

viernes, 10 de junio de 2016

Lorca: Hoy y siempre. Homenaje a Federico García Lorca



LORCA: HOY Y SIEMPRE

Homenaje a Federico García Lorca


El próximo jueves, día 16 de junio, a las 7 de la tarde, el Grupo Metáfora ofrecerá una lectura-homenaje a Federico García Lorca. La declamación de los poemas de Lorca correrá a cargo de Leyre López y se contará con el acompañamiento a la guitarra de Juanjo Barreda. El lugar de la celebración será la Biblioteca Guinardó - Mercè Rodoreda de Barcelona (calle Camelias, 76-80). Entrada gratuita.

Dejo constancia

 

DEJO CONSTANCIA


"LLEIDA.- El juzgado penal número 3 de Lleida ha condenado a dos hombres a 18 meses de cárcel y multa de 1.800 euros, por haber arrojado 33 litros de lejía al río Flamisell, lo que causó la muerte de 1.584 truchas. Además, como responsabilidad civil,deberán indemnizar con 10.000 euros al Ayuntamiento de La Torre de Capdella.

El 27 de junio del 2006 los acusados fueron denunciados por carecer de licencia para pescar. Se dirigieron a un centro comercial y compraron siete garrafas de lejía con el fin de provocar la mayor muerte de peces. Agencias" (La Vanguardia, 20-11-2010)


Es agradable tomar el sol

tumbado en el césped,

oyendo los pájaros

y oliendo las flores,

refugiarse a la sombra de un árbol,

refrescarse en un río,

bañarse en el mar...


Dejo constancia de ello

para las generaciones venideras.


Cuando el sol no se pueda tomar

ni haya césped,

ni pájaros, ni flores, ni árboles,

y en los mares y ríos no podamos bañarnos,

encerrados en nuestras construcciones

con aire acondicionado y sol artificial,

miraremos películas futuristas

donde saldrán árboles,

flores, césped, pájaros, ríos, mares.


Pedro Casas Serra (07-05-1991,04)


"LLEIDA.- El juzgado penal número 3 de Lleida ha condenado a dos hombres a 18 meses de cárcel y multa de 1.800 euros, por haber arrojado 33 litros de lejía al río Flamisell, lo que causó la muerte de 1.584 truchas. Además, como responsabilidad civil, deberán indemnizar con 10.000 euros al Ayuntamiento de La Torre de Capdella. El 27 de junio del 2006 los acusados fueron denunciados por carecer de licencia para pescar. Se dirigieron a un centro comercial y compraron siete garrafas de lejía con el fin de provocar la mayor muerte de peces. Agencias" (La Vanguardia, 20-11-2010)

jueves, 9 de junio de 2016

Volver a empezar

VOLVER A EMPEZAR


No es posible volver a empezar

ni recorrer otra vez el camino,

todo ha cambiado,

y los ojos no pueden recuperar

esa mirada clara que infunde la ilusión.


Eras descubridor,

caminabas con porte seguro,

sabías lo que eras, a donde ibas,

los nombres de las cosas

y el espacio que habías recorrido.


Luego todo se hundió,

perdiste la inocencia que te hacía gustarte,

la que simplificaba todo

ahorrándote tiempo

y permitiéndote avanzar un paso tras de otro.


Todo es ahora más difícil

al tener que volver a bautizar las cosas:

probar de nuevo el pan,

beber el agua, ensayar la sonrisa...

para luego quizá volver a utilizarlas.


La confianza es la base de la vida

y sobre ella avanzamos,

pero ¿qué pasa

si hay que aprender de nuevo cada cosa

y aprendernos a nosotros mismos?


Al margen es difícil ser feliz,

pero entrar cuesta mucho

cuando has salido medio muerto,

porque no sabes que te llama

y que debes hacer.


Pedro Casas Serra (07-05-1991,03)

miércoles, 8 de junio de 2016

La confusión

LA CONFUSIÓN


¡Qué molesto resulta que la gente me tome por mí!

Cierto que hay motivos de semblanza,

pero yo bien sé que soy muy diferente,

que no tengo ni punto de comparación.


¡Cuánto tiempo pierdo en aclarar que yo no soy yo,

ese ser ruin, cobarde, miserable y mentiroso

al que los demás confunden conmigo

tan fácilmente!


Por un instante se me ocurre

¡qué terrible sería que yo fuera yo

y qué paciencia no habría de tener para aguantarme,

tan aburrido, soso, derrotado!


Pero enseguida salgo de mi error,

pues no deja de ser un disparate

en el que solo pueden caer otros,

esos que no me conocen tan bien como yo mismo.


Pedro Casas Serra (07-05-1991,02)

martes, 7 de junio de 2016

La vida en poesía

LA VIDA EN POESÍA


Soñaba que era rey que en trono estaba,

soñaba que era flor que al sol me abría,

soñaba que era alondra que cantaba,

soñaba que era anciano que moría.


Soñaba que un tronar me despertaba,

soñaba que un cantar me adormecía,

soñaba que quien sé aún me amaba,

soñaba que también yo lo quería.


Soñaba con un río en lejanía,

soñaba con la risa que sonaba,

soñaba con el prado en que yacía.


Soñaba con la estrella que caía,

soñaba con la ninfa que lloraba,

soñaba con la vida en poesía.


Pedro Casas Serra (07-05-1991,01)

lunes, 6 de junio de 2016

El ratón-león

EL RATÓN-LEÓN


Érase una vez un ratón

que a veces se sentía león.

En esas ocasiones rugía

y daba zarpazos

y todo el mundo le temía.


Érase una vez un león

que a veces se sentía ratón.

En esas ocasiones corría

y se escondía

y todo el mundo le perseguía.


Y la cuestión era

que el ratón que se sentía león

y el león que se sentía ratón

eran un mismo y único personaje.


Un día nuestro amigo se dijo:

para ser ratón soy demasiado grande

y para ser león demasiado pequeño.


Desde entonces,

dejó de sentirse ratón o león,

pero también dejó de conocer qué era.

(Más o menos como todos nosotros)


Pedro Casas Serra (06-05-1991,03)

domingo, 5 de junio de 2016

Vivir

VIVIR


Disfrutar del momento, ser consciente

de que quizá no se repita nunca más:

la caricia del sol, la sensación del aire golpeándote...

¡Estar vivo!, como la hierba o el insecto.


No saber el porqué ni el hasta cuándo

pero es dulce vivir este momento

porque está aquí, sin más,

y quizá no vuelva a presentarse.


Sorber la vida lentamente

como quien bebe la cicuta,

observarla como desde dentro de un buzón

y no entender gran cosa

porque en su vértigo

ríes cuando se ha ido el sol

y lloras cuando amanece.


Lo que más vale no tiene precio

y puedes recogerlo al paso,

pero no preguntes por ello

porque a su nombre huye,

cógelo - si lo encuentras - y ya está.


Pedro Casas Serra (06-05-1991,02)

sábado, 4 de junio de 2016

El regalo

 

EL REGALO


Entre tantas palabras y tanta información

- tanta que nos abruma:

los muertos... por millares,

la muerte... detallada al extremo,

la vida... siempre joven, como de anuncio -

seguimos la estela de un cometa

que no vimos pasar

y que quizá no vuelva.


Pero la muerte no es distinta

porque no esté filmada,

ni el amado lo es menos

porque sea viejo,

la muerte y el amor nos acompañan

como las piernas,

necesitamos de ambas para caminar.


Nacemos ricos de vida

que al vivir vamos gastando,

y la muerte no es

sino la constatación de que no nos queda nada.

Hay quien gasta con mesura

y hay quien dilapida,

pero no hay más vida

que la que nos han regalado el primer día. 



Pedro Casas Serra (06-05-1991,01)

viernes, 3 de junio de 2016

El circo

 

EL CIRCO


Esta noche he soñado con ella,

he soñado que abría la caravana

y me llamaba,

que su voz, inconfundible,

alegre me decía:

"Pedro, he venido

porque temía que te olvidaras

de las entradas

que compré para el circo."

He soñado que me despertaba

y que abría los ojos incrédulo,

que parpadeando la miraba

y que estaba allí,

con su expresión juguetona,

y que sus pezones oscuros me apuntaban.

Entonces he soñado que soñaba...

y me he puesto a llorar.


Pedro Casas Serra (10-1990)

jueves, 2 de junio de 2016

Ámame

ÁMAME


Si entenderme no puedo,

si a mí mismo me cuesta comprenderme,

¿cómo voy a decirte que te quiero

y esperar que me creas?


Si el agua, que acoge nuestros cuerpos y nos lava

calmando nuestro ardor,

es la misma que hunde nuestros barcos;

si el aire, que aleja nuestras voces y nos seca

oreando nuestros cuerpos,

es el mismo que abate nuestras casas;

si el fuego, que alumbra nuestros rostros y nos lame

paliando nuestro frío,

es el mismo que incendia nuestros bosques...


¿Por qué yo

que acojo, alejo y alumbro tus desdichas,

no puedo ser el mismo

que hunda, abata o incendie tus venturas?


Pedro Casas Serra (09-1990,04)

miércoles, 1 de junio de 2016

Tu voz

TU VOZ


Durmiendo

bajo la sombra

de parasoles de nudoso radio

- por almohada

desvaídos aromas de hojas muertas -

soñando el eco siseante

del agua del arroyo

y un agitar de plumas

en cascada fugaz bajo las nubes,


de pronto, oigo tu voz:

lenta, redonda, mansamente

alzándose en el centro de mi espera,

tu voz

que surge desbordada

de amor a lo pequeño y a lo escueto,

dulce canción a mi oído,

radiante marcha que levanta el día.


Pedro Casas Serra (09-1990,03)