viernes, 13 de mayo de 2016

“RETRATO” de Cecilia Meireles (De Viagem, 1939)

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?

Cecilia Meireles, Viagem, 1939.


RETRATO

Yo no tenía este rostro de hoy,
tan calmo, tan triste, tan flaco,
ni estos ojos tan vacíos,
ni el labio amargo.

Yo no tenía estas manos sin fuerza,
tan quietas y frías y muertas;
yo no tenía este corazón que ni se muestra.
Yo no advertí este cambio,
tan simple, tan cierto, tan fácil:
- ¿En qué espejo se perdió
mi imagen?

Cecilia Meireles
(Versión de Pedro Casas Serra)

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