jueves, 12 de mayo de 2016

“QUADRAS” de Cecilia Meireles (De Viagem, 1939)

Na canção que vai ficando
já não vai ficando nada:
é menos do que o perfume
de uma rosa desfolhada.

*

Os remos batem nas águas:
tem de ferir, para andar.
As águas vão consentindo -
esse é o destino do mar.

*

Passarinho ambicioso
fez nas nuvens o seu ninho.
Quando as nuvens forem chuva,
pobre de ti, passarinho.

*

O vento do mês de Agosto
leva as folhas pelo chão;
só não toca no teu rosto
que está no meu coração.

*

Os ramos passam de leve
na face da noite azul.
É assim que os ninhos aprendem
que a vida tem norte e sul.

*

A cantiga que eu cantava,
por ser cantada morreu.
Nunca hei de dizer o nome
daquilo que há de ser meu.

*

Ao lado da minha casa
morre o sol e nasce o vento.
O vento me traz teu nome,
leva o sol meu pensamento.

Cecilia Meireles, Viagem, 1939.


COPLAS

En canción que va quedando
ya no va quedando nada:
menos aún que el perfume
de una rosa deshojada.

*

Los remos baten las aguas:
tiene que herir, para andar.
Las aguas van consintiendo -
es el destino del mar.

*

Un pajarito ambicioso
hizo en las nubes su nido.
Cuando las nubes sean lluvia,
pobre de ti, pajarito.

*

El viento del mes de Agosto
tira las hojas al suelo;
sólo no toca tu rostro
porque está en mi corazón.

*

Los ramos cruzan ligeros
la faz de la noche azul.
Así los niños aprenden
que en la vida hay norte y sur.

*

La canción que yo cantaba,
por ser cantada murió.
Nunca he de decir el nombre
de aquello que tendré yo.

*

A la vera de mi casa
muere el sol y nace el viento.
El viento me trae tu nombre,
lleva el sol mí pensamiento.

Cecilia Meireles
(Versión de Pedro Casas Serra)

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