martes, 10 de enero de 2012

"Alma pisciana" de Maria Lua

Eu não tenho nada a ver
com limites fronteiras convicções formas exatas...
Eu... sequer sou eu mesma
sou mais um não-indivíduo
infiel aos contornos do corpo
de alma insatisfeita e viajante...
Sou ninguém para ser todo mundo
e multiplamente... piscianamente ser alguém...

Não me contenho
em braços, pernas e olhos
de um corpo pré-moldado...
Invento asas, escamas e garras
desenho sonhos, delirios e cores
para o vôo além do espaço
para o mergulho além do tempo...

Sou o oposto de mim mesma
em busca de qualquer destino
talvez astrônoma de estrelas anônimas
talvez astróloga de signos enigmáticos
talvez poeta de versos enfeitiçados
mas... sempre... ondina romântica
nas águas fugidias e nebulosas de Netuno...

Eu não tenho nada a ver
com realidades terrenas
rotinas leis dogmas compromissos palavras definitivas...
Meu subjetivismo cósmico
enlouquece as margens do mundo
e faz emergir da vertigem
um ser... ou um não-ser
nômade surrealista lunar mágico
que traz no avesso do peito
um corazão pisciano... mensageiro do Amor...

Eis, então, diante de todos os abismos
o meu contradictório... visionário
não-eu pisciano...

Maria Lua



Alma pisciana

Yo no tengo nada que ver
con límites fronteras convicciones formas exactas...
Yo... ni siquiera soy yo misma
soy más bien un no individuo
infiel a los contornos del cuerpo
de alma insatisfecha y viajera...
Soy nadie para ser todo el mundo
y pluralmente... piscianamente ser alguien...

No me contengo
en brazos, piernas y ojos
de un cuerpo prefabricado...
Invento alas, escamas y garras
dibujo sueños, delirios y colores
para volar más allá del espacio
para bucear más allá del tiempo...

Soy la opuesto a mí misma
en busca de cualquier destino
tal vez astrónoma de estrellas anonimas
tal vez astróloga de signos enigmáticos
tal vez poeta de versos hechizados
pero... siempre... ondina romántica
en las aguas huidizas y nebulosas de Neptuno...

Yo no tengo nada que ver
con realidades terrenas
rutinas leyes dogmas compromisos palabras definitivas...
Mi subjetivismo cósmico
enloquece los margenes del mundo
y hace emerger del vértigo
un ser... o un no-ser
nómada surrealista lunar mágico
que trae en el revés del pecho
un corazón pisciano... mensajero del Amor...

He aquí, entonces, ante todos los abismos
mi contradictorio... visionario
no-yo pisciano...

Maria Lua
(versión de Pedro Casas Serra)

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