PÁSSARO
Aquilo que ontem cantava
já não canta.
Morreu de uma flor na boca:
não do espinho na garganta.
Ele amava a água sem sede,
e, em verdade,
tendo asas, fitava o tempo,
livre de necessidade.
Não foi desejo ou imprudência:
não foi nada.
E o dia toca em silêncio
a desventura causada.
Se acaso isso é desventura:
ir-se a vida
sobre uma rosa tão bela,
por uma tênue ferida.
Cecilia Meireles (In Retrato Natural, 1949)
PÁJARO
Aquello que ayer cantaba
ya no canta.
Murió de flor en la boca:
no de espina en la garganta.
Amaba el agua sin sed,
y, en verdad,
teniendo alas, miraba el tiempo,
libre de necesidad.
No fue deseo o imprudencia:
no fue nada.
Y el día toca en silencio
la desventura causada.
Si acaso eso es desventura:
irse la vida
sobre una rosa tan bella,
por una tenue herida.
Cecilia Meireles
(Versión de Pedro Casas Serra)
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