SAUDADE DE DEUS
Cresci menino com Deus.
Minha mãe acho que foi
quem Deus pôs dentro de mim.
Dentro de mim, mas não meu.
Não foi um amigo de infância.
Não me deixava à vontade
(nem nos banhos escondidos
na fundura do meu rio).
Não me deixava ser eu,
ser livre: sua presença
— uma lâmina suspensa
constante na minha vida —
me dava um grande temor.
Não me envergonho em dizer
que nunca lhe tive amor.
Por isso (suponho) foi
que um dia acordei sem Deus
(um dia quando os meus olhos
já conheciam o assombro).
Deus se perdeu. Não me achei
sozinho, me vi comigo.
(Talvez por isso eu carregue
esse ar de criança perdida.)
Contudo, dele restou
no chão triste da minha alma,
entre doce e dolorida,
mágoa que sabe a saudade.
Minha mãe acho que foi
quem Deus pôs dentro de mim.
Dentro de mim, mas não meu.
Não foi um amigo de infância.
Não me deixava à vontade
(nem nos banhos escondidos
na fundura do meu rio).
Não me deixava ser eu,
ser livre: sua presença
— uma lâmina suspensa
constante na minha vida —
me dava um grande temor.
Não me envergonho em dizer
que nunca lhe tive amor.
Por isso (suponho) foi
que um dia acordei sem Deus
(um dia quando os meus olhos
já conheciam o assombro).
Deus se perdeu. Não me achei
sozinho, me vi comigo.
(Talvez por isso eu carregue
esse ar de criança perdida.)
Contudo, dele restou
no chão triste da minha alma,
entre doce e dolorida,
mágoa que sabe a saudade.
NOSTALGIA DE DIOS
Crecí de niño con
Dios.
Mi madre creo que fue
quién colocó a Dios
en mí.
Dentro de mí, mas no
mío.
No fue mi amigo de
infancia.
No me dejaba a mi gusto
(ni en los baños
escondidos
en lo hondo de mi río).
No me dejaba ser yo,
ser libre: su
permanencia
— un cuchillo
suspendido
constantemente en mi
vida —
me producía temor.
No me avergüenza decir
que nunca le tuve amor.
Por eso (supongo) fue
que sin Dios desperté
un día
(un día en el que mis
ojos
conocían ya el
asombro).
Dios se perdió. No me
hallé
solo, conmigo me vi.
(Tal vez por eso yo
arrastre
aires de niño
perdido.)
Pero, de él me quedó
en el piso de mi alma,
entre dulce y dolorida,
Thiago de Mello, En
un campo de margaritas,
1986.
(Versión
de Pedro Casas Serra)
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