A PALAVRA DESCONFIA
A palavra desconfia
do poeta
como a mulher do homem.
Ambas se presumem atraiçoadas.
Inseguras, medrosas do destino
que lhes darão, do chão por onde as levam,
quando elas é que são as infiéis;
sabem ser tantas dentro de uma só.
Estrelada, a palavra se insinua,
me deslumbra, mas quando quero tê-la,
ela se esquiva, mal permite a pele
e inefável me espia impenetrável.
como a mulher do homem.
Ambas se presumem atraiçoadas.
Inseguras, medrosas do destino
que lhes darão, do chão por onde as levam,
quando elas é que são as infiéis;
sabem ser tantas dentro de uma só.
Estrelada, a palavra se insinua,
me deslumbra, mas quando quero tê-la,
ela se esquiva, mal permite a pele
e inefável me espia impenetrável.
Thiago de Mello, De
uma vez por todas,
1996.
LA PALABRA DESCONFÍA
La palabra desconfía
del poeta
como la mujer del
hombre.
Ambas se creen
traicionadas.
Inseguras, temerosas
del destino
que se les da, del
terreno por donde se las lleva,
cuando las infieles son
ellas;
saben ser muchas en una
sola.
Luminosa, la palabra se
insinúa,
me deslumbra, pero
cuando quiero cogerla,
me esquiva, apenas
permite que la roce
(Versión
de Pedro Casas Serra)
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