MONÓLOGO
DO ÍNDIO
Perdido de mim, não sei
ser mais o que fui e nunca
poderei deixar de ser.
De mim me perco e me esqueço
do que sou na precisão
que já tenho de imitar
os brancos no que eles são:
uma apenas tentativa
inútil que me dissolve
na dor que não me devolve
o poder de me encontrar.
Já deslembrado da glória
radiosa de conviver,
já perdido o parentesco
com a água, o fogo e as estrelas,
já sem crença, já sem chão,
oco e opaco me converto
em depósito dos restos
impuros do ser alheio.
Resíduo de mim, a brasa
do que fui me reclama,
como a luz que me conhece
de uma estrela agonizante
dentro do ser que perdi.
ser mais o que fui e nunca
poderei deixar de ser.
De mim me perco e me esqueço
do que sou na precisão
que já tenho de imitar
os brancos no que eles são:
uma apenas tentativa
inútil que me dissolve
na dor que não me devolve
o poder de me encontrar.
Já deslembrado da glória
radiosa de conviver,
já perdido o parentesco
com a água, o fogo e as estrelas,
já sem crença, já sem chão,
oco e opaco me converto
em depósito dos restos
impuros do ser alheio.
Resíduo de mim, a brasa
do que fui me reclama,
como a luz que me conhece
de uma estrela agonizante
dentro do ser que perdi.
Thiago
de Mello,
Amazonas,
pátria da água,
1987.
MONÓLOGO DEL INDIO
Perdido de mí, no sé
ser más lo que fui y
nunca
dejar podré yo de ser.
De mí me pierdo y me
olvido
del que soy en la
exigencia
que ya tengo de imitar
los blancos en lo que
son:
una tentativa casi
inútil que me disuelve
en dolor que no me
vuelve
la facultad de
encontrarme.
Ya olvidado de la
gloria
radiante de convivir,
ya perdido el
parentesco
con agua, fuego y
estrellas,
ya sin credo, ya sin
tierra,
hueco y opaco me vuelvo
depósito de deshechos
impuros del ser ajeno.
Residuo de mí, la
brasa
del que estuve me
reclama,
como luz que me conoce
de una estrella
agonizante
Thiago de Mello,
Amazonia, patria de agua, 1987.
(Versión de Pedro
Casas Serra)
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