ARTE DE AMAR
Não faço poemas
como quem chora,
nem faço versos como quem morre.
Quem teve esse gosto foi o bardo Bandeira
quando muito moço; achava que tinha
os dias contados pela tísica
e até se acanhava de namorar.
Faço poemas como quem faz amor.
É a mesma luta suave e desvairada
enquanto a rosa orvalhada
se vai entreabrindo devagar.
A gente nem se dá conta, até acha bom,
o imenso trabalho que amor dá para fazer.
nem faço versos como quem morre.
Quem teve esse gosto foi o bardo Bandeira
quando muito moço; achava que tinha
os dias contados pela tísica
e até se acanhava de namorar.
Faço poemas como quem faz amor.
É a mesma luta suave e desvairada
enquanto a rosa orvalhada
se vai entreabrindo devagar.
A gente nem se dá conta, até acha bom,
o imenso trabalho que amor dá para fazer.
Perdão, amor não se
faz.
Quando muito, se desfaz.
Fazer amor é um dizer
(a metáfora é falaz)
de quem pretende vestir
com roupa austera a beleza
do corpo da primavera.
O verbo exato é foder.
A palavra fica nua
para todo mundo ver
o corpo amante cantando
a glória do seu poder.
Quando muito, se desfaz.
Fazer amor é um dizer
(a metáfora é falaz)
de quem pretende vestir
com roupa austera a beleza
do corpo da primavera.
O verbo exato é foder.
A palavra fica nua
para todo mundo ver
o corpo amante cantando
a glória do seu poder.
Thiago de Mello, De
uma vez por todas,
1996.
ARTE DE AMAR
No hago poemas como
quién llora,
ni hago versos como
quién muere.
Quién tuvo ese deseo
fue el bardo Bandera
cuando era muy joven;
creía que tenía
los días contados a
causa de la tisis
y hasta se avergonzaba
de enamorarse.
Hago poemas como quién
hace el amor.
Es la misma lucha suave
y desvariada
de la rosa cubierta de
rocío
mientras se va abriendo
despacio.
La gente ni se da
cuenta, hasta le parece bien,
el
inmenso trabajo que da hacer el amor.
Perdón, el amor no se
hace.
Como mucho, se deshace.
Hacer el amor es un
decir
(la metáfora es falaz)
de quien pretende
vestir
con ropa austera la
belleza
del cuerpo de la
primavera.
El verbo exacto es
joder.
La palabra se desnuda
para que todos puedan
ver
el cuerpo amante
cantando
(Versión de Pedro
Casas Serra)
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