Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar me, e novas esquivanças;
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
Luis de Camões
"Busque Amor nuevas artes, nuevo ingenio"
Busque Amor nuevas artes, nuevo ingenio,
para matarme, y nuevas asechanzas;
que no me quitará las esperanzas,
que mal me quitará lo que tengo.
Mirad de que esperanzas me mantengo!
Observad que arriesgadas confianzas!
Que no temo contrastes ni mudanzas,
andando en bravo mar, perdido el leño.
Pero, como no puede haber disgusto
donde esperanza falta, allá me esconde
Amor un mal que mata y no se ve.
Días ha que en el alma tengo puesto
un no sé qué, que nace no sé dónde,
acude no sé cómo, duele no sé por qué.
Luis de Camões
(versión de Pedro Casas Serra)
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