PARA
OS QUE VIRÃO
Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.
Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.
Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular – foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
— muito mais sofridamente —
na primeira e profunda pessoa
do plural.
Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.
É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros.)
Se trata de abrir o rumo.
Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.
Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.
Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular – foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
— muito mais sofridamente —
na primeira e profunda pessoa
do plural.
Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.
É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros.)
Se trata de abrir o rumo.
Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.
Thiago de Mello, Poesia
comprometida com a minha e a tua vida,
1989.
PARA LOS QUE VENDRÁN
Como sé poco, y soy
poco,
hago lo poco que puedo
dándome entero.
Sabiendo que no veré
el hombre que quiero
ser.
Ya sufrí lo suficiente
para no engañar a
nadie:
lo primero a los que
sufren
en propia vida, la
garra
de la opresión, y ni
saben.
No tengo el sol
escondido
en mi bolsa de
palabras.
Simplemente soy un
hombre
para quien ya la
primera
y desolada persona
del singular – fue
dejando,
despacio, sufridamente
de ser, para
transformarse
— mucho más
sufridamente —
en la primera y
profunda persona
del plural.
No importa que dé: ya
es tiempo
de avanzar, manos
unidas,
con quien lleva el
mismo rumbo,
aunque aún lejos esté
de aprender a conjugar
el verbo amar.
Y sobre todo ya es
tiempo
de dejar de ser apenas
la solitaria vanguardia
de nosotros mismos.
Se trata de ir al
encuentro.
(Dura en el pecho, arde
la límpida
verdad de nuestros
errores.)
Se trata de estrenar
rumbo.
Los que vendrán, serán
pueblo,
(Versión de Pedro
Casas Serra)
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