lunes, 7 de diciembre de 2015

“MORMAÇO DE PRIMAVERA” de Thiago de Mello (De Poesia comprometida com a minha e a tua vida, 1975)

MORMAÇO DE PRIMAVERA

Entre chuva e chuva, o mormaço.
A luz que nos entrega o dia
não dá ainda para distinguir
o sujo do encardido,
o fugaz, do provisório.
A própria luz é molhada.
De tão baça, não me deixa
sequer enxergar o fundo
dos olhos claros da mulher amada.

Mas é com esta luz mesmo,
difusa e dolorida,
que é preciso encontrar as cores certas
para poder trabalhar a Primavera.
Thiago de Mello, Poesia comprometida com a minha e a tua vida, 1975.


BOCHORNO DE PRIMAVERA

Entre lluvia y lluvia, el bochorno.
La luz que nos entrega el día
no permite distinguir aún
lo sucio de lo manchado,
lo fugaz, de lo provisional.
La misma luz está mojada.
De tan mate, no me permite
siquiera observar el fondo
de los ojos claros de la mujer amada.

Pero incluso con esta luz,
difusa y dolorida,
es preciso encontrar los colores correctos
para poder trabajar en Primavera.

Thiago de Mello, Poesía comprometida con mi vida y la tuya, 1975.
(Versión de Pedro Casas Serra)

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