MORMAÇO DE PRIMAVERA
Entre chuva e chuva,
o mormaço.
A luz que nos entrega o dia
não dá ainda para distinguir
o sujo do encardido,
o fugaz, do provisório.
A própria luz é molhada.
De tão baça, não me deixa
sequer enxergar o fundo
dos olhos claros da mulher amada.
Mas é com esta luz mesmo,
difusa e dolorida,
que é preciso encontrar as cores certas
para poder trabalhar a Primavera.
A luz que nos entrega o dia
não dá ainda para distinguir
o sujo do encardido,
o fugaz, do provisório.
A própria luz é molhada.
De tão baça, não me deixa
sequer enxergar o fundo
dos olhos claros da mulher amada.
Mas é com esta luz mesmo,
difusa e dolorida,
que é preciso encontrar as cores certas
para poder trabalhar a Primavera.
Thiago de Mello, Poesia
comprometida com a minha e a tua vida,
1975.
BOCHORNO DE PRIMAVERA
Entre lluvia y lluvia,
el bochorno.
La luz que nos entrega
el día
no permite distinguir
aún
lo sucio de lo
manchado,
lo fugaz, de lo
provisional.
La misma luz está
mojada.
De tan mate, no me
permite
siquiera observar el
fondo
de los ojos claros de
la mujer amada.
Pero incluso con esta
luz,
difusa y dolorida,
es preciso encontrar
los colores correctos
Thiago de Mello,
Poesía comprometida con mi vida y la tuya, 1975.
(Versión de Pedro
Casas Serra)
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