NÃO SOMOS MELHORES
A vida repartida dia
a dia
com quem vinha querendo que a vida
pudesse um dia ser vida,
posso dizer que alguma coisa aprendi
(primeiro com amargura,
depois com essa dolorida lucidez
que nos ensina a ver nossa feiúra.)
Aprendi, por exemplo,
que não somos os melhores.
Custou, mas aprendi.
Tempo largo levei para enxergar
que era de puro desamor a chama
que crescia no olhar do companheiro.
Não somos nem melhores nem piores.
Somos iguais. Melhor é a nossa causa.
Todos os que chegamos dessas águas
barrentas e burguesas, para dar
(pouco sabemos dar) uma demão
na roda e transformar a vida injusta
dos que conhecem mesmo a banda podre,
mostramos a nós mesmos, mais que aos outros,
a face verdadeira que levamos.
É repetir: melhor é a nossa causa.
Mas no viver da vida, a vida mesma,
quando é impossível disfarçar,
quando não se pode ser nada mais
do que o homem que a gente é mesmo,
na prática cotidiana da chamada vida,
que é a verdadeira prática do homem,
fomos sempre e somente como os outros,
e muitas vezes como os piores dos outros,
os que estão do outro lado,
os que não querem, nem podem, nem pretendem
mudar o que precisa ser mudado
para que a vida possa um dia
ser mesmo vida, e para todos.
com quem vinha querendo que a vida
pudesse um dia ser vida,
posso dizer que alguma coisa aprendi
(primeiro com amargura,
depois com essa dolorida lucidez
que nos ensina a ver nossa feiúra.)
Aprendi, por exemplo,
que não somos os melhores.
Custou, mas aprendi.
Tempo largo levei para enxergar
que era de puro desamor a chama
que crescia no olhar do companheiro.
Não somos nem melhores nem piores.
Somos iguais. Melhor é a nossa causa.
Todos os que chegamos dessas águas
barrentas e burguesas, para dar
(pouco sabemos dar) uma demão
na roda e transformar a vida injusta
dos que conhecem mesmo a banda podre,
mostramos a nós mesmos, mais que aos outros,
a face verdadeira que levamos.
É repetir: melhor é a nossa causa.
Mas no viver da vida, a vida mesma,
quando é impossível disfarçar,
quando não se pode ser nada mais
do que o homem que a gente é mesmo,
na prática cotidiana da chamada vida,
que é a verdadeira prática do homem,
fomos sempre e somente como os outros,
e muitas vezes como os piores dos outros,
os que estão do outro lado,
os que não querem, nem podem, nem pretendem
mudar o que precisa ser mudado
para que a vida possa um dia
ser mesmo vida, e para todos.
Thiago de Mello, Poesia
comprometida com a minha e a tua vida,
1975.
NO SOMOS MEJORES
De compartir la vida
día a día
con quien quería que
la vida
pudiera ser vida un
día,
puedo decir que aprendí
algo
(primero con amargura,
después con esa
dolorida lucidez
que
nos enseña a ver nuestra fealdad.)
Aprendí, por ejemplo,
que no somos los
mejores.
Me costó, pero lo
aprendí.
Tardé mucho en
descubrir
que era de puro desamor
la llama
que crecía en la
mirada del compañero.
No somos mejores ni peores.
Somos iguales. Lo que es mejor es nuestra causa.
Todos los que llegamos de las aguas
No somos mejores ni peores.
Somos iguales. Lo que es mejor es nuestra causa.
Todos los que llegamos de las aguas
fangosas y burguesas,
para echar
(sabemos poco) una mano
a la rueda y
transformar la vida injusta
de los que aún conocen
su lado podrido,
nos mostramos a
nosotros mismos, más que a los otros,
nuestra
verdadero rostro.
Repito: lo mejor es
nuestra causa.
Pero en el vivir de la
vida, de la vida misma,
cuando no se puede
disfrazar,
cuando no se puede ser
nada
más que el hombre que
todo el mundo es,
en la cotidiana
práctica de la llamada vida,
que es la verdadera
práctica del hombre,
fuimos siempre
solamente como los otros,
y muchas veces como los
peores de los otros,
los que están al otro
lado,
los que no quieren, ni
pueden, ni pretenden
cambiar lo que necesita
ser cambiado
para que la vida pueda
ser un día
(Versión de Pedro
Casas Serra)
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