NÃO APRENDO A LIÇÃO
A lição de
conviver,
senão de sobreviver
no mundo feroz dos homens,
me ensina que não convém
permitir que o tempo injusto
e a vida iníqua me impeçam
de dormir tranquilamente.
Pois sucede que não durmo.
Frente à verdade ferida
pelos guardiães da injustiça,
ao escárnio da opulência
e o poderio dourado
cujo esplendor se alimenta
da fome dos humilhados,
o melhor é acostumar-se,
o mundo foi sempre assim.
Contudo, não me acostumo.
A lição persiste sábia:
convém cabeça, cuidado,
que as engrenagens esmagam
o sonho que não se submete.
E que a razão prevaleça
vigilante e não conceda
espaços para a emoção.
Perante a vida ofendida
não vale a indignação.
Complexas são as causas
do desamparo do povo.
Mas não aprendo a lição.
Concedo que me comovo.
senão de sobreviver
no mundo feroz dos homens,
me ensina que não convém
permitir que o tempo injusto
e a vida iníqua me impeçam
de dormir tranquilamente.
Pois sucede que não durmo.
Frente à verdade ferida
pelos guardiães da injustiça,
ao escárnio da opulência
e o poderio dourado
cujo esplendor se alimenta
da fome dos humilhados,
o melhor é acostumar-se,
o mundo foi sempre assim.
Contudo, não me acostumo.
A lição persiste sábia:
convém cabeça, cuidado,
que as engrenagens esmagam
o sonho que não se submete.
E que a razão prevaleça
vigilante e não conceda
espaços para a emoção.
Perante a vida ofendida
não vale a indignação.
Complexas são as causas
do desamparo do povo.
Mas não aprendo a lição.
Concedo que me comovo.
Thiago de Mello, Poesia
comprometida com a minha e a tua vida,
1975.
NO APRENDO LA LECCIÓN
La lección de
convivir,
sino de sobrevivir
en el mundo cruel del
hombre,
me enseña que no
conviene
permitir que el tiempo
injusto
y la vida inicua impida
que duerma
tranquilamente.
Pues
sucede que no duermo.
Frente a la verdad
herida
por guardianes de
injusticia,
la afrenta de la
opulencia
y el poderío dorado
cuyo esplendor se
alimenta
del hambre del
humillado,
es mejor acostumbrarse,
el mundo fue siempre
así.
Pero,
yo no me acostumbro.
La lección insiste
sabia:
falta cabeza, cuidado,
que los engranajes
chafan
el sueño que no
claudica.
Y que la razón se
imponga
vigilante y no conceda
lugar para la emoción.
Ante la vida ofendida
no vale la indignación.
Complejos son los
motivos
del desamparo del
pueblo.
Mas no me sé la
lección.
Thiago de Mello,
Poesía comprometida con mi vida y la tuya, 1975.
(Versión de Pedro
Casas Serra)
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