SILÊNCIO E PALAVRA
I
A couraça das palavras
protege o nosso silêncio
e esconde aquilo que somos
Que importa falarmos tanto?
Apenas repetiremos.
Ademais, nem são palavras.
Sons vazios de mensagem,
são como a fria mortalha
do cotidiano morto.
Como pássaros cansados,
que não encontraram pouso
certamente tombarão.
Muitos verões se sucedem:
o tempo madura os frutos,
branqueia nossos cabelos.
Mas o homem noturno espera
a aurora da nossa boca.
II
Se mãos estranhas romperem
a veste que nos esconde,
acharão uma verdade
em forma não revelável.
(E os homens têm olhos sujos,
não podem ver através.)
Mas um dia chegará
em que a oferenda dos deuses,
dada em forma de silêncio,
em palavra transfaremos.
E se porventura a dermos
ao mundo, tal como a flor
que se oferta – humilde e pura – ,
teremos então cumprido
a missão que é dada ao poeta.
E como são onda e mar,
seremos homem e palavra.
A couraça das palavras
protege o nosso silêncio
e esconde aquilo que somos
Que importa falarmos tanto?
Apenas repetiremos.
Ademais, nem são palavras.
Sons vazios de mensagem,
são como a fria mortalha
do cotidiano morto.
Como pássaros cansados,
que não encontraram pouso
certamente tombarão.
Muitos verões se sucedem:
o tempo madura os frutos,
branqueia nossos cabelos.
Mas o homem noturno espera
a aurora da nossa boca.
II
Se mãos estranhas romperem
a veste que nos esconde,
acharão uma verdade
em forma não revelável.
(E os homens têm olhos sujos,
não podem ver através.)
Mas um dia chegará
em que a oferenda dos deuses,
dada em forma de silêncio,
em palavra transfaremos.
E se porventura a dermos
ao mundo, tal como a flor
que se oferta – humilde e pura – ,
teremos então cumprido
a missão que é dada ao poeta.
E como são onda e mar,
seremos homem e palavra.
Thiago de Mello (Silêncio e Palavra, 1951)
SILENCIO Y PALABRA
I
Armadura de palabras
protege nuestro
silencio
y oculta aquello que
somos.
¿Qué importa que
hablemos tanto?
Tan sólo repetiremos.
Además, ni son
palabras.
Sones faltos de
mensaje,
son cual la fría
mortaja
del difunto cotidiano.
Como pájaros cansados,
sin lugar donde posar
ciertamente caerán.
Muchos veranos se
siguen:
el tiempo dora los
frutos,
blanquea nuestros
cabellos.
Mas el nocturno hombre
espera
la
aurora de nuestra boca.
II
II
Si manos extrañas rompen
el traje que nos esconde,
hallarán una verdad
en forma no revelable.
(Y los hombres de ojos sucios,
no pueden ver a través.)
Pero un día llegará
en que la ofrenda a los dioses,
dada en forma de silencio,
en palabra transformemos.
Y si por suerte nos damos
al mundo, como la flor
que se ofrece – humilde y pura – ,
habremos cumplido entonces
la misión dada al poeta.
Y como son ola y mar,
seremos hombre y palabra.
Thiago de Mello
(Versión de Pedro Casas Serra)
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