O SABER ESCASSO
Pouco sabem as flores
que de novo
ressurgem neste campo: não percebem
que alguém de longa e loura cabeleira
já não passeia pela verde alfombra,
e que entre as mãos que agora vão colhê-las
estão ausentes duas muito pálidas.
Ignorantes, porém, mais do que as flores,
nós o somos: jamais compreenderemos
porque esse deus eternamente oculto
ressuscita defuntas primaveras,
mas não desperta a moça que hoje dorme
na planície sem cor da deslembrança.
ressurgem neste campo: não percebem
que alguém de longa e loura cabeleira
já não passeia pela verde alfombra,
e que entre as mãos que agora vão colhê-las
estão ausentes duas muito pálidas.
Ignorantes, porém, mais do que as flores,
nós o somos: jamais compreenderemos
porque esse deus eternamente oculto
ressuscita defuntas primaveras,
mas não desperta a moça que hoje dorme
na planície sem cor da deslembrança.
Thiago de Mello ( Narciso cego, 1952))
El SABER ESCASO
Poco saben las flores
que de nuevo
brotan en este campo:
no perciben
que alguien de larga y
rubia cabellera
ya no pasea por la
verde alfombra,
y que entre las manos
que van a cogerlas
faltan dos muy pálidas.
Aún más ignorantes
que las flores,
nosotros: jamás
comprenderemos
porque ese dios
eternamente oculto
resucita difuntas
primaveras,
pero no despierta a la
que hoy duerme
en la llanura del
olvido.
Thiago de Mello
(Versión de Pedro Casas Serra)
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