“INICIAÇÃO DO PRISIONEIRO” de Thiago de Mello (De A Canção do Amor Armado, 1966)

INICIAÇÃO DO PRISIONEIRO

É preciso que Amor seja a primeira
palavra a ser gravada nesta cela.
Para servir-me agora e companheira
seja amanhã de quem precise dela

Não sei o que vai vir, mas se desprende
dessa palavra tanta claridão,
que com poder de povo me defende
e me mantém erguido o coração.

No muro sujo, Amor é uma alegria
que ninguém sabe, livre e luminosa
como as lanças de sol da rebeldia,
que é amor, é brasa e de repente é rosa.

Thiago de Mello, A canção do amor armado, 1966.

INICIACIÓN DEL PRISIONERO

Es preciso que Amor sea la primera

palabra que yo grabe en esta celda.

Para servirme ahora y compañera

sea mañana de quien urja de ella

No sé lo que vendrá, mas se desprende

de esa palabra tanta claridad,

que con poder de pueblo me defiende

y me mantiene erguido en caridad.

En sucio muro, Amor es alegría

que nadie sabe, libre y luminosa

como rayo de sol de rebeldía,

que es amor, brasa y de repente rosa.

Thiago de Mello, Canción del amor armado, 1966.

(Versión de Pedro Casas Serra)