viernes, 24 de octubre de 2014

"Ah! Os relógios", de Mario Quintana (A Cor do Invisível, 1989)

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia em for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais um necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana (A Cor do Invisível, 1989)



¡AH! LOS RELOJES

Amigos, no miréis a los relojes
cuando un día en el ser de vuestras vidas
en fútiles problemas tan perdidas
que hasta parecen más un necrológico...

Porque el tiempo invención es de la muerte:
no conoce la vida -verdadera-
en que basta un momento de poesía
para darnos la eternidad entera.

Entera, si, porque esa vida eterna
solamente por sí es dividida:
no toca, a cada cuál, una porción.

Los Ángeles se miran sorprendidos
si alguien -al llegar a la otra vida-
les pregunta quizá que hora es...

Mario Quintana
(versión de Pedro Casas Serra)

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