Quando chegaste enfim, para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar;
E para o som de teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar...
Chegaste, enfim! Milagre de endoidar!
Viu-se nessa hora o que não pode ser:
Em plena noite, a noite iluminar
E as pedras do caminho florescer!
Beijando a areia de oiro dos desertos
Procurara-te em vão! Braços abertos,
Pés nus, olhos a rir, a boca em flor!
E há cem anos que eu era nova e linda!...
E a minha boca morta grita ainda:
Por que chegaste tarde, ó meu Amor?!...
Florbela Espanca
Demasiado tarde...
Cuando por fin llegaste, para ver
Brilló la noche mágica y lunar;
Y para tus pisadas conocer
El silencio dispúsose a escuchar...
Llegaste al fin! Visión de enajenar!
A la hora en que nada puede ser:
Entre sombras, la noche a iluminar
Y las piedras del campo a florecer!
Ni besando la arena del desierto
No te lograra! Con abrazo abierto,
nudos pies, rientes ojos, boca en flor!
Y hace cien años era tan bonita!...
Y mi boca ya muerta aún te grita:
Por qué tardaste tanto, oh mi Amor?!...
Florbela Espanca
(versión de Pedro Casas Serra)
Suscribirse a:
Enviar comentarios (Atom)
No hay comentarios:
Publicar un comentario